Construtoras esticam prazo de entrega de imóvel em SP

Construtoras esticam prazo de entrega de imóvel em SP

 

Ante a falta de mão de obra, máquinas e insumos, as construtoras preferem dilatar os prazos de entrega para não ter de enfrentar depois ações na Justiça

Quarenta por cento dos lançamentos em São Paulo tem prazo de 30 a 45 meses

Quarenta por cento dos lançamentos em São Paulo tem prazo de 30 a 45 meses (Cristiano Mariz)

A euforia que tomou conta do mercado imobiliário nos últimos cinco anos pegou em cheio, primeiramente, o bolso do consumidor: o preço do imóvel praticamente dobrou no período. Agora, além de pagar mais caro pela casa própria, o cliente terá de esperar mais tempo para se mudar. Levantamento feito pela Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) mostra que, no primeiro trimestre de 2007, 25% dos empreendimentos lançados na Grande São Paulo tinham prazo de entrega de entre 30 e 45 meses, o máximo praticado no setor. Entre janeiro e março de 2011, esse tempo já é estabelecido para 40% dos lançamentos. Até então, a maioria dos imóveis eram entregues em até 15 meses.

A dilatação dos prazos para entrega das chaves está sendo adotada pela maioria das construtoras e incorporadoras numa tentativa de evitar os desgastes com atrasos de obra, como os que vêm ocorrendo desde o fim de 2009. Um levantamento feito com dados do Tribunal de Justiça de São Paulo dá uma ideia da gravidade do problema: o número de processos contra construtoras passou de 202 para mais de 500 entre 2008 e 2010.

"As obras entregues com atraso foram contratadas com a cabeça de 2007, quando havia mão de obra, insumos e equipamentos disponíveis no mercado", diz o diretor de economia do Sindicato da Construção em São Paulo, Eduardo Zaidan. Naquela época, com dinheiro em caixa para investir, houve uma corrida das incorporadoras para lançar empreendimentos. O resultado não poderia ter sido outro: o que havia em abundância começou a faltar. "Veio uma pressão enorme de falta de gente, máquinas, material e na hora de entregar o imóvel, simplesmente, ele não estava pronto. Não dá mais para prometer no mesmo prazo."

(com Agência Estado)