Perdas aumentam custos Usar os recursos naturais de forma consciente e responsável, recolher pregos que caíram no chão e outras práticas nesse sentido, contribuem para tornar a obra mais econômica

Chefe do departamento de resíduos da usina de reciclagem da SLU, Heuder Pascele faz areia e brita com restos de alvenaria e concreto

Para tornar a obra mais econômica, sustentável e segura, nada de exagerar na água ou desperdiçar areia para a mistura de cimento. Recolher e desentortar os pregos que caíram no chão durante a realização do trabalho. Essas e outras práticas estão estabelecendo uma nova ordem nas obras e reformas realizadas Brasil afora: o uso consciente e responsável dos recursos naturais e dos materiais do dia a dia. E sem esquecer a segurança. Os equipamentos de proteção individual (EPIs) devem ser usados mesmo em atividades aparentemente inofensivas.

Para mostrar como evitar tais perdas, a engenheira Patrícia Medeiros de Godoy, responsável pelos treinamentos do Programa Doutores da Construção, destacou uma série de procedimentos que podem ser aplicados a todos os tipos de obra, de forma rápida e simples. “Você sabia que a unidade de prego de aço, sem cabeça, de medida 15cmx15cm pode chegar a custar R$ 20,15? Os pregos usados durante a montagem de uma forma de madeira ou no assentamento de uma porta ou janela podem entortar ou cair longe durante a execução do serviço. Por isso, se, no fim de cada dia da obra, alguém se dispuser a recolhê-los e desentortá-los, com certeza haverá uma diminuição significativa no custo final”, calcula.

Outra dica é reaproveitar as sobras do vergalhão utilizado para a preparação do pilar. Elas podem ser colocadas na parte interna das armações, no momento em que elas estão sendo preenchidas de concreto. “Essa atitude fortalece a viga, evita desperdício e diminui as chances de acidentes no canteiro de obras”, ressalta Patrícia.

O uso de material reciclável é recomendado para obras que não têm finalidade estrutural, ou seja, que não requeiram resistência mecânica, que é o termo técnico para definir a capacidade dos materiais sólidos de suportar as solicitações externas sem que estas venham a lhes causar deformações. “Por exemplo, o aproveitamento do entulho da obra para regularizar uma calçada”, esclarece.

Falhas nas construções também são comuns, confirmando um dos mais graves problemas da construção brasileira: a mão de obra desqualificada. Segundo o estudo Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de obras, realizado pela UFMG e mais 15 universidades em 12 estados brasileiros, esse é o fator responsável pela falta de padronização das técnicas de construção. O engenheiro brasileiro planeja pouco. Problemas que poderiam ser detectados na elaboração do projeto são percebidos somente no momento da execução da obra.

O planejamento também pode contribuir para o processo de reciclagem. Segundo o chefe do departamento de tratamento e disposição de resíduos da usina de reciclagem da SLU na BR-040, Heuder Pascele, “a construtora que destinar o entulho para a reciclagem não precisa pagar pela sua destinação. Mas precisamos que nos envie o entulho limpo. Ou seja, livre de madeira, terra, isopor, papel, papelão. Só pode conter restos de alvenaria e concreto. Com eles fazemos brita, areia e bica corrida”, esclarece. Em 2010 foram recicladas 136.424 toneladas, o que representa 15% do total de entulho gerado. Para este ano, a meta é chegar a 20%.

CAPACITAÇÃO

Doutores da Construção é um programa com técnicas de treinamento, relacionamento e fidelização, buscando melhorar a experiência do consumidor, que tem contato com um profissional mais preparado. O programa conta com uma grade completa de 25 cursos distribuídos em quatro canais de conhecimento: alvenaria, elétrica, hidráulica e revestimento, e pode ser concluído em 60 horas-aula.

Lojas de material de construção credenciadas disponibilizam, às 18h, um espaço apropriado para a realização das aulas, que ocorrem de segunda a quinta-feira. Os instrutores são profissionais contratados pelo Doutores da Construção.

As aulas são transmitidas ao vivo, via satélite. O programa possibilita interatividade com os aprendizes nas lojas por e-mail. O instrutor responde às perguntas ao vivo durante a aula ou, posteriormente, por e-mail. O aprendiz também pode enviar as dúvidas, que serão respondidas por algum instrutor do programa. Depois do treinamento, o aluno se submete a uma avaliação teórica sobre o tema abordado.

Além dos treinamentos e da avaliação, o projeto contempla o Programa Fidelidade, gerando uma relação vantajosa com os profissionais, tornando-os grandes parceiros do ponto de venda no qual se submeteram ao aprendizado.

As inscrições para as turmas de abril e maio dos cursos do Doutores da Construção já estão abertas em todo o país, no site www.doutoresdaconstrucao.com.br.