Obra da Avenida Pedro I vai pagar R$ 786 mil por imóvel

Obra da Avenida Pedro I vai pagar R$ 786 mil por imóvel

 

 

Alargamento da avenida, entre as regiões de Venda Nova e da Pampulha, vai consumir R$ 180 milhões em indenizações a serem pagas pela PBH
Renato Fonseca - Repórter - 24/08/2010 - 10:55
FREDERICO HAIKAL

Pedro I terá corredor rápido de ônibus; em setembro será aberto edital para o projeto de alargamento
Apontada como uma das principais intervenções viárias para que Belo Horizonte possa sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014, o alargamento da Avenida Pedro I, entre as regiões de Venda Nova e da Pampulha, vai consumir nada menos que R$ 180 milhões do orçamento do Executivo municipal.
Ao todo, serão 229 desapropriações, ao custo médio de R$ 786 mil, a serem pagas a quem mora ou tem estabelecimento comercial no caminho da obra. O valor das indenizações é um dos mais caros já pagos pela prefeitura da capital.
O projeto da Pedro I prevê o alargamento da via e a construção de um corredor rápido de ônibus, conhecido como BRT. A mudança permitirá uma ligação rápida entre a Linha Verde e o Mineirão, para quem vem do Aeroporto de Confins. O valor total da obra é de R$ 355 milhões. Os outros R$ 175 milhões virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O projeto executivo de mobilidade urbana para a Avenida Pedro I, elaborado pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), será finalizado nos próximos dias. A expectativa da PBH é de que o edital seja publicado em setembro. O processo de desapropriação na avenida está previsto para começar em janeiro de 2011.
Os valores dos terrenos serão aferidos de acordo com pesquisas de mercado. Já nas edificações serão observados os critérios de área construída, padrão da construção, tipo de acabamento, idade do imóvel, estado de conservação.
Pelos 3,5 quilômetros da Avenida Pedro I – que fazem a ligação da Pampulha, a partir da barragem da lagoa, com Venda Nova, na Avenida Vilarinho – passam 45 mil veículos e a maior concentração é notada no horário de pico, no final da tarde e início da noite, no sentido centro-bairro, quando 1.440 veículos trafegam pela via. Neste trecho, lojas e galpões às margens da avenida irão abaixo para dar lugar ao BRT.
Com a criação do transporte rápido, os ônibus circularão em vias exclusivas, com embarque e desembarque sendo feitos em miniestações. A tarifa será cobrada antes de o passageiro entrar no ônibus e o sistema de controle será informatizado, o que permite acompanhamento em tempo real.
O ramal da Pedro I será ligado ao da Avenida Antônio Carlos, totalizando 16 quilômetros. As intervenções na Antônio Carlos já começaram. Dois novos viadutos vão facilitar o acesso e a saída do Mineirão na interligação das Avenidas Abraão Caram e Magalhães Penido (acesso ao Aeroporto da Pampulha). A obra deverá ser concluída no final do primeiro semestre de 2011.
As desapropriações dos imóveis na Avenida Pedro I já causam desconfiança e polêmica entre os proprietários. Ontem, a Câmara Municipal realizou uma audiência pública para avaliar os aspectos legais e jurídicos dos procedimentos. Alguns moradores e comerciantes da Avenida Pedro I criaram uma comissão.
O advogado Paulo Viana Cunha, representante da comissão, disse que a obra é fundamental para a cidade, mas reforça a necessidade de os envolvidos na desapropriação se informarem da real condição dos imóveis. Segundo ele, somente assim todos irão conseguir indenizações justas.
Alguns moradores reclamam que não foram ouvidos e poucos sabem do projeto. “Ainda estamos muito perdidos. Ninguém nos procurou para informar como será feito o processo”, questionou a aposentada Ivone de Oliveira, 53 anos, que mora com outras seis pessoas em uma casa próxima à região.