A alma do edifício

A alma do edifício

Falta de projeto de sistema predial adequado pode prejudicar financeiramente um imóvel, acarretando desvalorização e gerando problemas
 

Júnia Leticia - Estado de Minas

Publicação: 09/10/2011 21:46 Atualização: 09/10/2011 22:06

 

Síndico de um prédio, Patrick Carvalho Viana acabou tendo que gastar mais que o previsto por causa de uma simples instalação de espelho (Eduardo Almeida/RA Studio)  
Síndico de um prédio, Patrick Carvalho Viana acabou tendo que gastar mais que o previsto por causa de uma simples instalação de espelho

Conjunto de recursos tecnológicos que formam a infraestrutura de uma edificação, os sistemas prediais abrangem toda a estrutura da construção. Apesar da necessidade de um projeto bem elaborado para definir esses sistemas, nem sempre essa preocupação é levada em conta. O resultado pode ser muita dor de cabeça e gastos para resolver os problemas que surgem depois. Para quem vai comprar um imóvel, a dúvida é: como saber se esses cuidados foram ou estão sendo tomados no projeto?

Primeiramente, é preciso entender o que são os sistemas prediais. De acordo com um dos sócios fundadores da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip), o engenheiro eletricista Rony Rossi Horta, os principais projetos que os abrangem são de elétrica e hidrossanitários. “Além do de telecom (que engloba voz, dados e imagem), também chamado de VDI. Temos, ainda, os projetos de incêndio e gás. Esses são só os mais comuns”, cita.

Na definição do arquiteto Maurício Miranda, são sistemas físicos integrados ao corpo do edifício, que possibilitam o uso da construção pelos moradores. É o conjunto de recursos, tais como sistema estrutural (fundação, pilares, vigas e lajes); de entrada, distribuição e medição de energia elétrica, água e esgoto; de transporte vertical (elevadores); de climatização dos ambientes (ar-condicionado); de automação e segurança (monitoramento por câmeras), entre outros.”

Como já dá para perceber, os sistemas prediais têm como finalidade dar suporte tecnológico às atividades dos usuários dos edifícios. “Com eficiência e segurança, possibilitam a utilização racional e até o gerenciamento dos recursos necessários ao funcionamento do edifício”, observa Maurício. Tudo isso deve ser fornecido em conformidade com as regras vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como acrescenta Rony Rossi.

Para se precaver acerca de possíveis problemas na estrutura do edifício, o ideal é ter ciência do projeto, seja de um imóvel ainda em construção, seja de um antigo. Por isso, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Imobiliários (Ibei), o advogado Paulo Viana Cunha, ressalta a importância de o morador e o síndico do prédio, terem todos os projetos que compõem o edifício.

Segundo Paulo, sem saber onde estão as instalações, corre-se o risco de, na pressa, fazer interferências em locais indevidos. De posse do projeto, é possível estudar as possibilidades de solução sempre que necessário. “Realizar a intervenção sem saber previamente se naquele local está passando um determinado sistema pode causar danos, gerando despesas adicionais que seriam evitáveis com o conhecimento.”

CURTO-CIRCUITO Foi isso o que ocorreu com o auxiliar de cartório Patrick Carvalho Viana. Síndico de um prédio antigo no Bairro Gutierrez, Região Oeste de Belo Horizonte, ele nem imaginou que a simples instalação de um espelho pudesse resultar em um curto-circuito, que lhe deixou 18 dias sem energia elétrica.

Ele conta que o profissional que instalou o espelho perfurou um cano e a água acabou infiltrando nos fios da rede elétrica, que eram velhos. “Fiz uma gambiarra e achei que tinha dado certo, mas continuou vazando”, conta Patrick. A solução não foi fácil, em parte, por falta de mão de obra.

Além disso, como os valores para esse tipo de mão de obra variam muito, o síndico fez uma pesquisa de mercado até achar um valor que coubesse em seu orçamento. “Encontrei preço de até R$ 1.700, mas acabei gastando R$ 1.300. O problema foi resolvido quebrando a parede e trocando o cano e toda a fiação.”